A ecoansiedade é um termo cada vez mais comum que descreve a preocupação contínua com as mudanças climáticas e seus impactos no planeta. Mas esse sentimento vai além da simples preocupação; ele se transforma no medo crônico e na angústia sobre o futuro da Terra.
No Brasil, 71% da população diz ter percebido que os problemas climáticos estão ficando mais frequentes e intensos.
Origem e Definição
A ecoansiedade reflete um tempo em que a ciência climática se tornou inevitável nas discussões públicas e políticas. Movimentos como Fridays for Future, liderado por Greta Thunberg, trouxeram a urgência da crise climática para o centro das atenções globais e influenciou a maneira como a sociedade, principalmente os jovens, vê o futuro.
Na etimologia, a palavra "ecoansiedade" vem da junção de "ecologia" e "ansiedade".
Em 2021, o termo foi oficialmente adicionado ao dicionário Oxford, que reconheceu sua crescente importância na sociedade.
O Que é a Ansiedade Climática?
Diferente da ansiedade tradicional, que pode ser causada por diversos fatores pessoais, a ecoansiedade é específica ao medo de catástrofes ambientais.
Quem tem ecoansiedade desenvolve profunda preocupação com o ecossistema e sente-se impotente para fazer mudanças relevantes.
Características da Ecoansiedade
A ecoansiedade pode apresentar sintomas como:
Preocupação persistente com o meio ambiente
Sentimento de impotência e desesperança
Dificuldade em se concentrar em outras atividades
Sensação de urgência para agir em prol do planeta
Distúrbios do sono devido a preocupações com desastres ambientais.
Dores de cabeça, tensão muscular e fadiga, muitas vezes relacionados ao estresse.
Pensamentos obsessivos que ruminam sobre notícias climáticas e previsões de catástrofes.
Perda de interesse em atividades, devido à sensação de futilidade em face da crise climática.
Sintomas depressivos e falta de esperança em relação ao futuro.
Medo exagerado sobre o impacto das mudanças climáticas nas próximas gerações.
Angústia pelo Planeta: Uma Doença?
A ecoansiedade ainda não está formalmente classificada em manuais de diagnóstico, como o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). No entanto, isso não diminui a seriedade do problema. Muitas pessoas relatam sintomas semelhantes aos de transtornos de ansiedade tradicionais, como dificuldades de foco e concentração, distúrbios do sono e sentimentos de angústia.
A Associação Americana de Psicologia (APA) destaca que esse tipo de ansiedade pode debilitar o indivíduo e exige atenção.
Diferença da Ansiedade Tradicional
Característica | Ansiedade Tradicional | Ecoansiedade |
Causas | Medos e situações específicas (ex.: medo de falar em público, medo de altura) | Diretamente relacionada às preocupações ambientais e mudanças climáticas. |
Foco | Preocupações individuais, da própria vida. | O estado do planeta e o futuro das próximas gerações. |
Impacto | Afeta a vida da pessoa de maneira isolada. | afetar grandes grupos de pessoas e cria o sentimento coletivo de preocupação. |
Sentimento | medo, pânico e preocupação em relação a aspectos da vida pessoal. | tristeza, impotência e desesperança sobre a crise ambiental global. |
Prevalência | Comum e mundialmente reconhecida, com vários subtipos como ansiedade social, transtorno de pânico, etc. | Em crescimento, principalmente em crianças, jovens e grupos ambientalmente conscientes |
Tratamento | tratada com terapia, medicação, e técnicas de relaxamento. | Apoio psicológico; pode incluir terapias. |
Causas e Fatores de Risco
Diversos fatores contribuem para o aumento da ecoansiedade:
Superexposição a notícias sobre desastres ambientais:
Receber notícias alarmantes e sensacionalistas sobre desastres naturais, aquecimento global, e outros problemas ambientais aumenta os sintomas.
Falta de ações concretas para combater mudanças climáticas:
A percepção de que os governos e grandes empresas não estão fazendo o suficiente para enfrentar as mudanças climáticas aumenta a sensação de impotência.
Sensação de responsabilidade pessoal pelo meio ambiente:
Muitas pessoas acham que precisam fazer tudo ao seu alcance para proteger o meio ambiente. Esta responsabilidade autoimposta, em alguns casos, se torna esmagadora.
Por que crianças e adolescentes são mais afetados?
Crianças e adolescentes são mais vulneráveis porque estão crescendo num mundo que passa por uma crise ambiental sem precedentes.
Eles são altamente expostos a notícias sobre desastres climáticos, extinção de espécies e destruição do meio ambiente. Isso tudo intensifica seus medos e sentimentos. Com o acesso fácil a informações, muitas vezes recebem um peso maior sobre seus ombros para garantir um futuro sustentável.
Caso Recente: Rio Grande do Sul
Um exemplo recente que mostra a gravidade da ecoansiedade foi a catástrofe no Rio Grande do Sul.
A região sofreu com enchentes devastadoras, que causaram grandes perdas e afetaram milhares de pessoas. Esses desastres climáticos imprevisíveis aumentaram a preocupação da população sobre o assunto.
A necessidade de cuidar dos sobreviventes e a imprevisibilidade sobre futuros eventos pioraram a ecoansiedade entre os moradores da região e de todo país.
Segundo artigo do G1, 61% dos brasileiros acreditam que precisarão se mudar nos próximos anos por conta das mudanças climáticas. Essa situação é um exemplo claro de como a ecoansiedade pode se agravar quando os efeitos das mudanças climáticas se tornam mais recorrentes.
A ecoansiedade é perigosa?
A ansiedade comum é saudável até certo ponto, mas quando há sintomas de pânico, fobia ou outros transtornos, pode se tornar perigosa.
Da mesma forma, a preocupação com o meio ambiente é justa e necessária. No entanto, quando os sintomas da ecoansiedade saem do controle, eles podem levar a depressão, isolamento e até ao desespero. Portanto, assim como a ansiedade comum a ecoansiedade precisa ser tratada quando começa a afetar a vida do indivíduo.
Conclusão
A ecoansiedade é um reflexo do nosso tempo. Infelizmente ela é fruto da falta de responsabilidade e descaso com o meio ambiente. O mais importante é fazermos nossa parte, ajudando em situações como a do Rio Grande do Sul e principalmente cuidando da saúde mental de nossos jovens e crianças para que possam viver uma vida mais equilibrada.
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