Ecoansiedade: O que é? Entenda a Ansiedade pelo Clima
- Rochelle Affonso Marquetto

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Nos últimos anos, falar sobre mudanças climáticas deixou de ser um debate restrito a cientistas e ambientalistas para se tornar uma preocupação global. Ondas de calor, queimadas, enchentes e secas extremas já fazem parte da rotina de muitas regiões. Mas, além dos impactos visíveis na natureza e na economia, existe uma consequência menos comentada, porém, igualmente séria: a ecoansiedade.
Esse termo descreve a angústia e o medo relacionados às mudanças climáticas e ao futuro do planeta. Não se trata apenas de uma preocupação momentânea, mas de um estado emocional que pode afetar profundamente a saúde mental de pessoas de diferentes idades.
Neste artigo, você vai entender o que é ecoansiedade, como ela afeta o bem-estar psicológico e quais estratégias podem ajudar a lidar com a ansiedade ambiental.
O que é ecoansiedade?
A ecoansiedade é definida pela American Psychological Association (APA) como o “medo crônico de um desastre ambiental”. Diferente de uma preocupação pontual, é uma sensação constante de insegurança em relação ao futuro do planeta e da humanidade.
Ela surge a partir da percepção de que as mudanças climáticas estão fora do controle individual e podem ameaçar a vida de milhões de pessoas. Essa sensação de impotência, somada à avalanche de notícias negativas sobre o meio ambiente, pode gerar sofrimento psicológico intenso.
Sintomas mais comuns da ecoansiedade
Embora cada pessoa reaja de uma forma, alguns sintomas costumam estar presentes em quem sofre com a ansiedade climática:
Preocupação constante com o futuro do planeta.
Sensação de impotência ou desesperança.
Insônia ou dificuldade de relaxar após consumir notícias ambientais.
Culpa por hábitos de consumo considerados prejudiciais ao meio ambiente.
Medo de catástrofes naturais.
Tensão muscular, palpitações ou sintomas físicos semelhantes à ansiedade generalizada.
Vale destacar que esses sintomas podem variar de intensidade. Em casos mais graves, a ecoansiedade pode evoluir para transtornos como depressão, síndrome do pânico e transtorno de estresse pós-traumático.
Por que a ecoansiedade está crescendo?
A ecoansiedade está diretamente ligada ao aumento da consciência ambiental. Quanto mais informações recebemos sobre a gravidade da crise climática, maior a sensação de urgência e, em muitos casos, de angústia.
Alguns fatores que intensificam esse fenômeno são:
Exposição constante às notícias climáticas: redes sociais e portais de informação amplificam a sensação de catástrofe iminente.
Vivência de desastres naturais: pessoas que já enfrentaram enchentes, secas ou queimadas tendem a desenvolver níveis mais altos de ansiedade ambiental.
Preocupação intergeracional: jovens e adolescentes costumam sentir mais fortemente a ecoansiedade, pois visualizam um futuro diretamente impactado pelas mudanças climáticas.
Cultura do “doomscrolling”: hábito de consumir de forma compulsiva notícias negativas, que reforça a percepção de que não há saída.
Ecoansiedade e saúde mental: impactos no “clima interno”
Assim como o planeta enfrenta crises, o ser humano também experimenta mudanças no seu “clima mental”. A ecoansiedade pode gerar uma sensação de paralisia psicológica, dificultando a tomada de decisões ou até mesmo o engajamento em ações sustentáveis.
De um lado, ela pode ser um motor de mudança, motivando atitudes positivas, como reciclar, reduzir o consumo e apoiar políticas ambientais. Por outro, pode levar à exaustão emocional, quando o medo supera a capacidade de agir.
Por isso, psicólogos já enxergam a ecoansiedade como um desafio emergente da saúde mental contemporânea.
Como lidar com a ecoansiedade?
A boa notícia é que existem estratégias para transformar essa ansiedade em ações mais saudáveis e equilibradas. Veja algumas delas:
1. Reconheça e valide seus sentimentos
Entender que a ecoansiedade é uma resposta normal a uma ameaça real ajuda a reduzir a autocobrança. Validar a própria angústia é o primeiro passo para cuidar dela.
2. Equilibre informação e bem-estar
Estar informado é importante, mas o excesso pode ser nocivo. Limite o tempo de exposição a notícias negativas e escolha fontes confiáveis.
3. Foque no que está ao seu alcance
Pequenas ações no cotidiano — como reduzir o desperdício, usar transporte sustentável e apoiar iniciativas ambientais — ajudam a recuperar a sensação de controle.
4. Conecte-se a comunidades engajadas
Participar de grupos que atuam em causas ambientais traz um sentimento de pertencimento e aumenta a resiliência emocional.
5. Pratique autocuidado psicológico
Atividades como meditação, exercícios físicos e momentos de lazer ajudam a regular o estresse e a ansiedade.
6. Procure apoio profissional
Se os sintomas estiverem intensos e persistirem, buscar a ajuda de um psicólogo é fundamental. A terapia pode oferecer ferramentas eficazes para lidar com a ecoansiedade.
O papel da psicologia diante da crise climática
A psicologia desempenha um papel cada vez mais relevante nesse contexto. Profissionais da área estão desenvolvendo abordagens específicas para acolher pacientes que apresentam sintomas relacionados à ecoansiedade.
Entre elas, destacam-se:
Terapia cognitivo-comportamental (TCC), que ajuda a reestruturar pensamentos catastróficos.
Mindfulness e técnicas de atenção plena, que ensinam a focar no presente em vez de se prender ao medo do futuro.
Intervenções comunitárias, que fortalecem laços sociais e promovem esperança coletiva.
Transformando ansiedade em ação
A ecoansiedade é um reflexo da nossa consciência sobre a crise climática. Embora traga sofrimento, também pode ser uma oportunidade de mudança tanto no nível individual quanto coletivo.
O grande desafio é encontrar um equilíbrio saudável entre preocupação e ação. Isso significa cuidar da saúde mental, filtrar informações, praticar autocuidado e, ao mesmo tempo, buscar atitudes sustentáveis que tragam esperança para o futuro.
Em vez de paralisar, a ecoansiedade pode se tornar um combustível para um estilo de vida mais consciente e para um planeta mais saudável. Afinal, cuidar do mundo também é uma forma de cuidar de si.
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